
Não resisti a transcrever esta magnífica passagem dum livro de B. Russell (a saber, The Conquest of Hapiness) não só, antes de mais, pela genial capacidade de reflexão filosófico-sociológica demonstrada, mas também pela impressionante actualidade do assunto em análise. Aliás, tenho para mim que dificilmente outro tema, no plano das relações humanas, tenha actualmente tanta importância como este. É pena é que seja pelas piores razões.
De facto, confesso que o individualismo extremo por que as pessoas hoje em dia pautam a sua vida afectiva é um dos tópicos sobre os quais mais me apetece escrever. Creio que vivemos mesmo na era do isolacionismo afectivo, em que é um imperativo (ainda que inconsciente) desvalorizar o outro, desprezar o convívio enriquecedor, e, mais grave de tudo, agir interessadamente (ou, ao invés, haver uma incapacidade total de agir para com o outro desinteressadamente). Vivemos numa época em que se faz a mais mesquinha auto-exaltação do ego, sem que isso represente forma alguma de auto-estima, mas antes uma pobreza afectiva e emocional que nos torna civilizacional e culturalmente mais pobres. E, claro, dificulta muito a felicidade. Mas, como diz o Carlos Amaral Dias, talvez isso (felicidade) seja só coisa de besouros...
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